Vindos de diversas regiões do país, agricultores e agricultoras afirmaram que não conseguem escoar a sua produção, quando vendem é a preços muito baixos e a grande distribuição fica com a fatia de leão do que os consumidores pagam pela sua comida. 

Os preços dos combustíveis, da electricidade, das rações, dos fertilizantes, das peças para máquinas e de tudo aquilo que os agricultores precisam para produzir não param de aumentar, registando subidas de 100%, 200% ou até 300%! 

Muitos destes aumentos têm um forte teor especulativo! 

Perante as dificuldades, quando praticamente pagam para produzir e se questionam se vale a pena semear, as agricultoras e agricultores familiares afirmaram bem alto nas ruas de Braga: queremos produzir! Com a certeza de que o seu trabalho é necessário para alimentar o país, as centenas de agricultores que convergiram até Braga para mostrar o seu descontentamento reclamaram a adopção, urgente, de outras e melhores políticas agro-rurais para poderem continuar a produzir e a viver com dignidade do seu trabalho. 

Desde logo, é fundamental concretizar a reclamação da CNA e Filiadas de criar uma lei que proíba as vendas com prejuízo ao longo de toda a cadeia agro-alimentar, de forma a que não seja permitido pagar aos agricultores abaixo daquilo que lhes custa produzir.

Da mesma forma, os agricultores reclamam o combate à especulação e ao aumento desenfreado dos custos dos factores de produção, através da regulação do preço dos combustíveis e de mecanismos que permitam que os restantes custos de produção (como rações, fertilizantes, entre outros) também não subam mais e que possam ser suportados pelos agricultores. Muitos agricultores somam prejuízos por causa da seca e as medidas anunciadas pelo Ministério da Agricultura não foram suficientes, faltando apoios a fundo perdido pela perda de rendimentos e a concretização de apoios importantes, como o da “electricidade verde” que incompreensivelmente ainda não saiu do papel. Assim como também praticamente só está no papel o Estatuto da Agricultura Familiar, instrumento que se estivesse a funcionar na sua plenitude poderia ser uma alavanca de desenvolvimento das explorações agrícolas familiares e da produção nacional. 

A grande iniciativa da CNA e Filiadas em Braga é também uma afirmação de que – com as agricultoras e com os agricultores – continuaremos a lutar por outra Política Agrícola Comum (PAC), em defesa dos Baldios, por indeminizações pelos prejuízos causados nas culturas por animais selvagens, pela realização de eleições na Casa do Douro e pela valorização do papel das mulheres agricultoras e rurais. Com a orgânica do Governo já conhecida no dia da iniciativa, a CNA sublinhou a importância de reforço do Ministério da Agricultura e lamentou a insistência no erro crasso de separar do Ministério da Agricultura as áreas da Floresta e do Desenvolvimento Rural. As razões de protesto são muitas, mas animados pela certeza da importância vital da Agricultura Familiar para a economia nacional, para o território e para o ambiente, e animados pelo papel determinante que os agricultores familiares têm no caminho para alcançar a Soberania Alimentar do país, a luta que saiu à rua em Braga continuará a cada dia no trabalho campo e no trabalho de proposta e reclamação da CNA e Filiadas. 

Nesse sentido, foi aprovada em Braga uma moção com “15 Medidas Urgentes” a enviar para os Órgãos de Soberania. As agricultoras e os agricultores presentes consideram que sem a rápida aplicação destas medidas, a Lavoura vai continuar a acumular problemas e dificuldades, muitas explorações serão forçadas a encerrar e ficará cada vez mais comprometida a vitalidade do Mundo Rural e a Soberania Alimentar do País. 

A CNA e Filiadas, sempre com os Agricultores, continuarão atentas e interventivas, pela aplicação destas e de outras medidas. 

Em defesa da Agricultura Familiar e por um Mundo Rural Vivo! 

Em defesa da Produção Nacional e da Soberania Alimentar do País! 

A luta continua! 

Podem contar com a CNA e Filiadas!