Perante o arrastar e agravar das dificuldades para produzir e para
viver, com uma nova época de sementeiras pela frente e com os problemas ainda
sem resposta necessária por parte do Ministério da Agricultura, os agricultores
saíram à rua para denunciar a situação e exigir uma actuação urgente do
Governo.
Os custos de produção mantêm-se em alta e
os produtores gastam cada vez mais para produzir, sem que os preços a que
vendem os seus produtos sejam capazes de compensar esses aumentos.
Os preços do gasóleo, dos fertilizantes, das sementes, entre
outros, dispararam e com o ritmo do trabalho a intensificar-se nos próximos
meses prevê-se um acumular de despesas incomportáveis.
Desesperados, os agricultores percorreram a Estrada Nacional 109
até à Câmara Municipal de Estarreja, onde entregaram ao Presidente da Câmara um documento com as suas reclamações e propostas.
Como se pode ler no documento, “embora
tenham existido alguns aumentos dos preços à produção, estes revelam-se
insuficientes para colmatar a constante subida dos preços dos factores de
produção”.
Assim, entre outras medidas, os
agricultores reclamam, por exemplo, “a criação de uma lei que proíba as vendas
com prejuízo ao longo de toda a cadeia agro-alimentar, a fiscalização da
actividade da grande distribuição e o controlo das importações desnecessárias
ou mecanismos de regulação que imponham limites máximos nos preços dos factores
de produção para travar a especulação”.
No documento, que será enviado para o
Presidente da República, o Ministério da Agricultura e a Assembleia da
República, os agricultores apresentam várias propostas para outras políticas
capazes de garantir que possam continuar a produzir e a receber um rendimento
justo pelo seu trabalho.
Tendo já assistido ao encerramento de
várias explorações agrícolas familiares na região, de que são exemplo muitas
explorações leiteiras, mas não só, os agricultores de Aveiro, com a UABDA e com
a CNA, exigem a adopção urgente das medidas que apresentam, para assegurar a
viabilidade das explorações existentes e para atrair mais jovens e novos
agricultores para o sector.
Só desta forma será possível garantir a
vitalidade das zonas rurais e o fornecimento de produtos agrícolas de
proximidade, de qualidade e acessíveis à população, defendendo-se, assim, a
Soberania Alimentar do País.