A principal
questão identificada é a de que o regime de apoio aos prejuízos provocados por
esses ataques é sistematicamente bloqueado por regras burocráticas que, no
essencial, inviabilizam o acesso a qualquer apoio por parte dos produtores
afectados.
Aliás, vários
relatos de agricultores denunciam ficar “mais barato” não comunicar a
ocorrência de um ataque de lobo e os respectivos danos do que fazê-lo, e
incorrer em gastos com veterinário, abate e remoção de animais atacados ou
aquisição de novos, para cumprimento de compromissos de apoios à produção
animal.
O que sucede é
que o ICNF se mostra incapaz de dar uma resposta atempada e adequada às
comunicações de ataques de lobos, sendo reiterados os atrasos que chegam a ser
de dias, para chegar aos locais, e acabando por não dar como provado que os
danos verificados resultem do ataque de lobos, para tal bastando que haja sinais
de que outros animais se alimentaram da carcaça dos animais atacados.
Nos poucos casos
que passam o crivo burocrático do ICNF, os apoios mostram-se exíguos face aos
danos, e demoram até um ano a chegar.
Os produtores de
gado afectados são obrigados a comunicar os ataques ao IFAP exclusivamente
online, o que é desde logo uma primeira barreira a que o processo seja célere e
expedito. Só depois o IFAP contacta o ICNF, em mais um passo desnecessário,
pois é ao ICNF que cabe a responsabilidade de actuar. A obrigatoriedade de
identificar os animais atacados é outra barreira adicional, pois implica que o
agricultor tenha um leitor de chips, e que consiga identificar esses animais em
rebanhos que têm, por vezes, centenas de cabeças de gado.
Os agricultores
denunciam que os ataques de lobos têm aumentado nos últimos anos, e que se dão
cada vez mais perto das aldeias, até durante o dia. Os prejuízos resultantes
são cada vez mais avultados, com cada vez mais ataques a animais de maior
porte, e com casos de produtores lesados em centenas de animais num ano.
Os agricultores
denunciam também que os apoios às colocações de cercas são irrisórios, face às
exigências técnicas colocadas, e que não têm em conta a realidade
socioeconómica das regiões onde o lobo é mais abundante, pois os animais pastam
muitas vezes em pequenas parcelas húmidas e junto a cursos de água, nas
proximidades dos quais é proibido haver vedações. Por outro lado, mesmo quando
é possível colocar vedações, estas são muitas vezes arrastadas pelas águas durante
o Inverno.
Os agricultores
contestam a nova medida de apoio à detenção de cães de guarda, que aumentou o
rácio de cabeças normais a deter por cão de guarda, mantendo em valores
irrisórios os apoios dados, mantendo-se também a falta de estruturas capazes de
treinar os cães.
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